Durkheim: religião e socialismo
- f. de l. do artigo “Émile Durkheim: religião e socialismoâ€, de Ricardo Cortez Lopes, in: FCV, ano 10, nº 127, p.27. Temas: Sociologia, Marxismo, Religião, [Socialismo], Durkheim, Ética, Moral.
Durkheim e a sociologia do conhecimento
A noção da relação entre religião e socialismo, em Durkheim pressupõe entender suas categorias de “sociologia da moral†e “sagrado†[1].Durkheim fez uma sociologia do conhecimento: investigava os conteúdos transmitidos a um indivÃduo, e responsáveis por convencê-lo a unir-se a um grupo. O sujeito realiza o julgamento de continuar ou não dentro da coletividade. Esse julgamento é sempre moral.
Ou seja, Durkheim fazia sociologia da moral. Sua militância era em favor da reforma moral. Entendia que a moral, quando compartilhada, produzia os vÃnculos de solidariedade. A moral, portanto, não é só objeto da filosofia: está objetificada no fato social.
representações coletivas
Num primeiro momento Durkheim utilizou a consciência coletiva como forma de coletar seus dados. Depois, passou a fazê-lo pelas representações coletivas, que têm origem social, e não psicológica, e que são transmitidas para os sujeitos, tornando-se o substrato comum que permite a coesão social.As representações coletivas são ideais que se revestem de Sagrado, e por isso tornam-se morais: expressam o ideal e regulamentam a ação. Não são apenas ideias: são ideias sagradas: investidas de uma força especial, que esconde a origem humana delas e fazem com que os indivÃduos nelas sintam uma transcendência.
Por isso sua violação gera uma crise, a exigir uma resposta purificadora (um bode expiatório, para o qual a coletividade direciona a raiva em vez de questionar os postulados sagrados).
mobilidade das representações coletivas
Essas representações coletivas não são eternas: são dinâmicas, sujeitas a momentos de criação, recriação e descarte. Mudam, por abalos coletivos, se as representações antigas não são mais adequadas para refletir um novo contexto. O processo deliberativo é consciente ou inconsciente.socialismo em Durkheim
O foco de Durkheim não está nas condições materiais ou na dominação, embora ele não negue tais fenômenos. Mas não está preocupado com o modo pelo qual uma parcela da sociedade impõe suas ideias a outra.Socialismo em [Bobbio]: a) programa polÃtico das classes trabalhadoras, b) múltiplas variantes, com base comum, contendo c) pretensão de transformação radical da ordem jurÃdica e econômica, d) criação de nova ordem onde e) o direito de propriedade seja fortemente limitado, f) os principais recursos econômicos estejam sobre controle das classes trabalhadoras, g) a gestão vise promover a igualdade social, não meramente polÃtica ou jurÃdica.
Socialismo em Durkheim: a) a questão social não é de salários, é moral; b) socialismo não é uma teoria cientÃfica, c) é, antes, um fato social, um estado da sociedade, d) “um grito de dor e cólera pelo mal-estar da contemporaneidade†(de Souza), e) é a tendência de fazer passar as funções econômicas do atual estado difuso para um estado organizado, f) propõe a junção do Estado com a economia, o que lhe eliminaria o atual caráter polÃtico.
O socialismo, para Durkheim, pressupõe não só a transformação do Estado, que não basta. É necessária uma transformação moral profunda: “socializar a vida econômica é, efetivamente, subordinar os fins individuais e egoÃstas que ainda são preponderantes para fins verdadeiramente sociais e, portanto, moraisâ€.
religião em Durkheim
Parte-se da noção de dualidade, que conduziu ao binarismo sociedade/indivÃduo, como molde para pensar a religião em termos binários: sagrado-profano, crença-ação.O pensamento religioso considera-se a si como composto de ideais sagrados.
A religião é um conceito analÃtico, criado para abarcar o fenômeno religioso.
Ao sociólogo não cabe afirmar ou negar esta ou aquela religião. Para ele todas são verdadeiras, porque remetem aos homens por trás delas.
Definição: um sistema solidário de crenças seguintes a coisas sagradas, e de práticas relativas a essas coisas sagradas (isto é, separadas, proibidas); as crenças e práticas unem na mesma comunidade moral, chamada igreja, os que a elas aderem.
Duas crÃticas: a) multiculturalismo incompatÃvel com a vinculação sociedade/religião; b) no cenário atual crenças e práticas não estão necessariamente conectadas.
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