Verbetes relacionados:
Filosofia, fichas de leitura


AlbertoSantos.org       Capa   |   direito   |   filosofia   |   resenhas   |   emap   |   mapa   |   Busca


Durkheim: religião e socialismo

Durkheim e a sociologia do conhecimento

A noção da relação entre religião e socialismo, em Durkheim pressupõe entender suas categorias de “sociologia da moral†e “sagrado†[1].

Durkheim fez uma sociologia do conhecimento: investigava os conteúdos transmitidos a um indivíduo, e responsáveis por convencê-lo a unir-se a um grupo. O sujeito realiza o julgamento de continuar ou não dentro da coletividade. Esse julgamento é sempre moral.

Ou seja, Durkheim fazia sociologia da moral. Sua militância era em favor da reforma moral. Entendia que a moral, quando compartilhada, produzia os vínculos de solidariedade. A moral, portanto, não é só objeto da filosofia: está objetificada no fato social.

representações coletivas

Num primeiro momento Durkheim utilizou a consciência coletiva como forma de coletar seus dados. Depois, passou a fazê-lo pelas representações coletivas, que têm origem social, e não psicológica, e que são transmitidas para os sujeitos, tornando-se o substrato comum que permite a coesão social.

As representações coletivas são ideais que se revestem de Sagrado, e por isso tornam-se morais: expressam o ideal e regulamentam a ação. Não são apenas ideias: são ideias sagradas: investidas de uma força especial, que esconde a origem humana delas e fazem com que os indivíduos nelas sintam uma transcendência.

Por isso sua violação gera uma crise, a exigir uma resposta purificadora (um bode expiatório, para o qual a coletividade direciona a raiva em vez de questionar os postulados sagrados).

mobilidade das representações coletivas

Essas representações coletivas não são eternas: são dinâmicas, sujeitas a momentos de criação, recriação e descarte. Mudam, por abalos coletivos, se as representações antigas não são mais adequadas para refletir um novo contexto. O processo deliberativo é consciente ou inconsciente.

socialismo em Durkheim

O foco de Durkheim não está nas condições materiais ou na dominação, embora ele não negue tais fenômenos. Mas não está preocupado com o modo pelo qual uma parcela da sociedade impõe suas ideias a outra.

Socialismo em [Bobbio]: a) programa político das classes trabalhadoras, b) múltiplas variantes, com base comum, contendo c) pretensão de transformação radical da ordem jurídica e econômica, d) criação de nova ordem onde e) o direito de propriedade seja fortemente limitado, f) os principais recursos econômicos estejam sobre controle das classes trabalhadoras, g) a gestão vise promover a igualdade social, não meramente política ou jurídica.

Socialismo em Durkheim: a) a questão social não é de salários, é moral; b) socialismo não é uma teoria científica, c) é, antes, um fato social, um estado da sociedade, d) “um grito de dor e cólera pelo mal-estar da contemporaneidade†(de Souza), e) é a tendência de fazer passar as funções econômicas do atual estado difuso para um estado organizado, f) propõe a junção do Estado com a economia, o que lhe eliminaria o atual caráter político.

O socialismo, para Durkheim, pressupõe não só a transformação do Estado, que não basta. É necessária uma transformação moral profunda: “socializar a vida econômica é, efetivamente, subordinar os fins individuais e egoístas que ainda são preponderantes para fins verdadeiramente sociais e, portanto, moraisâ€.

religião em Durkheim

Parte-se da noção de dualidade, que conduziu ao binarismo sociedade/indivíduo, como molde para pensar a religião em termos binários: sagrado-profano, crença-ação.

O pensamento religioso considera-se a si como composto de ideais sagrados.

A religião é um conceito analítico, criado para abarcar o fenômeno religioso.

Ao sociólogo não cabe afirmar ou negar esta ou aquela religião. Para ele todas são verdadeiras, porque remetem aos homens por trás delas.

Definição: um sistema solidário de crenças seguintes a coisas sagradas, e de práticas relativas a essas coisas sagradas (isto é, separadas, proibidas); as crenças e práticas unem na mesma comunidade moral, chamada igreja, os que a elas aderem.

Duas críticas: a) multiculturalismo incompatível com a vinculação sociedade/religião; b) no cenário atual crenças e práticas não estão necessariamente conectadas.

Notas:

[1] Alguns autores classificam o socialismo como uma religiosidade secular.


Páginas que tratam do tema ^: